sábado, 31 de janeiro de 2015

dicção especial








será da história que te contaram quando descias a rua de baixo
e as hortelãs cantavam:
como fazer ventres temperados?
como dar dignidade a uma cabeça (de peixe) esperando um comboio
o infinito da imprecisão
ousadia ou repulsa?
gritos
o critério onde ficou essa matéria de falcoaria
o motivo
a sua nudez?
fumos
a língua tem de existir para te dar um mundo
por seco que seja
um vislumbre
a sua agonia?
ouve o excesso de noite na tua retina
não precisas de dizer o motivo
mas afirma a tua ferida
dos séculos finitos
aproveita agora este regresso cósmico
são também tempos de filosofia
há uma vaidade que adora a cidade
há um naipe de sinais que amam o campo
uma assembleia de deuses que em ti gravitam
e um anagrama de tudo rompendo o absurdo
haverá esse resgate?
por quanto o tempo?
por quem o magnetismo?